04/06/2022

A Onda Violeta

Ele parece ter uma atitude do tipo: eu arrasou no mundo; tudo o que precisa fazer é sentar ao lado de alguém e oferecer um coquetel chique. 

Ele é esse tipo de cara.

Eu não sou.

‒ — Quer uma bebida?‒— Ele quebra o silêncio. Sua voz é aveludada e, ao mesmo tempo, me diz que ele fuma. ‒

—Eu me lembro do seu rosto. 

‒ — Eu também lembro do seu. — Respondo.

‒ Talvez o álcool refresque nossas memórias. ‒ Comenta e dá um sinal ao garçom. Alguns segundos depois, uma bandeja de metal com doses de vodka escorrendo rosa e roxo é colocada na nossa frente. 

Começamos a beber e tento colocá-lo em diferentes períodos da minha vida. Não é fácil, pois já estou muito bêbado e tudo se mistura em minha mente.

‒ — Qual o seu nome? — Ele me pergunta finalmente.

E aqui estamos, nos apresentando um ao outro como dois estranhos totalmente independentes. 

Dói estranhamente, como se eu já o tivesse perdido uma vez, e agora o encontrei novamente. 

Apenas para perdê-lo novamente, e esquecê-lo.

‒ — Eu sou Lance. —Digo.

Suas íris brilham instantaneamente com reconhecimento. Ao mesmo tempo, como se estivéssemos conectados por alguma corrente elétrica, também me lembro dele.

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